Aneurisma
O que são?
Provavelmente você já ouviu falar ou conhece alguém que sofre ou sofreu dessa condição, mas o que vem a ser um Aneurisma? O Aneurisma, corresponde a uma dilatação anormal no tamanho de um vaso sanguíneo, se tornando maior do que o normal em pelo menos 1.5 vezes.
Os aneurismas podem ocorrer em qualquer lugar do nosso corpo, porém tem maior importância aqueles que ocorrem nas artérias, que são as responsáveis pela circulação do sangue e, por consequência, se afetadas podem levar a sérias consequências.
Essa dilatação anormal da parede dos vasos ocorre por um enfraquecimento da camada muscular que essas artérias têm, levando elas a suportarem cada vez menos a pressão do sangue, e a todo momento sofrem um estímulo para dilatarem cada vez mais.
Por analogia, poderíamos comparar a um balão de festa em que soprando cada vez mais e com mais força, tendemos a inflá-lo cada vez mais, uma vez que vencemos a resistência inicial fica mais fácil encher, e quanto maior, maior o risco de estourar, porém nunca sabemos o tamanho ao certo que ele irá romper. Com os aneurismas ocorrem de forma similar, claro que a circulação e o mecanismo de fluxo do sangue é muito mais complexo, mas a ideia de raciocínio é bem similar.
Quais os fatores de risco para o aparecimento do aneurisma?
Muitos são os fatores relacionados ao aparecimento dos aneurismas, e combatê-los se torna tarefa muito importante para seu controle e para tentar evitar complicações a longo prazo.
Os principais fatores de risco são relacionados a seguir:
- Tabagismo: o cigarro é um dos principais vilões, principalmente relacionado com a quantidade e o tempo de fumo;
- Genética e História Familiar: outro fator fundamental, sendo muito frequente a ocorrência em parentes de primeiro grau ou até através de Síndromes Familiares onde todos possuem aneurismas;
- Gênero: o sexo masculino apresenta maior risco para o aparecimento dos aneurismas;
- Raças: as raças branca e asiática possuem um risco elevado;
- Idade: idades avançadas possuem um maior risco de ocorrência;
- Hipertensão: a pressão elevada de forma prolongada também tem influência no risco para aneurismas.
Contudo, não podemos prevenir seu aparecimento, o que conseguimos é detectar de forma precoce, através do acompanhamento com o Cirurgião Vascular e tomar medidas para tentar controlar o crescimento, porém o quanto irá crescer e o ritmo desse crescimento é imprevisível, por isso a necessidade de acompanhamento a longo prazo.
Abaixo seguem os aneurismas mais comuns e que causam a maioria das complicações relacionadas a essa doença.
Aneurisma de Aorta Abdominal
A Aorta é a principal artéria do nosso corpo, se origina desde o coração passando pelo tórax, abdome até se dividir nas artérias ilíacas que são as responsáveis pela circulação das pernas.
O segmento abdominal da Aorta é o território mais acometido pelos aneurismas, ocorrendo 3 a 7 vezes mais do que em outras porções da própria aorta e cerca de 10 vezes mais do que aneurismas de outros locais como os dos membros inferiores.
Essa doença é extremamente traiçoeira, pois na maioria dos casos não causa sintomas, sendo descoberta através de exames realizados por outras causas e em muitas vezes já em tamanhos muito aumentados com necessidade de breve cirurgia. Portanto, todo cuidado é pouco e muitas vezes a detecção precoce pode fazer muita diferença no tipo de tratamento e na sobrevida dos pacientes.
Quando causam sintomas, o principal é a dor abdominal, que pode irradiar para a região das costas, muitas vezes relacionada com a sensação de que se tem uma “bola” que pulsa dentro do abdome, como se fosse um “coração na barriga”, e, esse pode ser o motivo que leva a procura do Cirurgião Vascular.
E qual o perigo desse Aneurisma? A grande preocupação é com a ruptura da aorta que pode ocorrer nos aneurismas muito grandes, e na grande maioria dos pacientes possui uma taxa de morte muito alta, por isso a necessidade de tratar antes que isso ocorra. Além disso, outros sintomas graves que podem ocorrer são o deslocamento de coágulos do aneurisma para a circulação, podendo gerar trombose e alterações graves na circulação; dor intensa com difícil tratamento, devido ao acometimento de nervos e osso próximo a região; anemia crônica; trombose do aneurisma, com quadro gravíssimo que ameaça a vida, entre outros.
Portanto, as consequências podem ser catastróficas e a detecção precoce é fundamental para reduzir esse risco.
A detecção do Aneurisma de Aorta ocorre na maioria dos casos através de uma ultrassonografia abdominal e pela Angiotomografia quando desejamos planejar a cirurgia.
Recomenda-se que todos os homens acima de 65 anos ou homens e mulheres acima de 50 anos que tenham algum parente de primeiro grau com aneurisma de aorta realizem um ultrassom abdominal para pesquisa de aneurisma de aorta. O objetivo é detectar precocemente, e estudos mostraram que essa estratégia pode reduzir em mais de 50% o risco de morte por esses aneurismas.
O tratamento está indicado quando o aneurisma causa sintomas, está crescendo em um ritmo muito acelerado ou possui um tamanho que aumente muito o risco de sua ruptura, como o tamanho > 5.5cm em homens e > 5.0 cm em mulheres.
A cirurgia pode ser feita de forma convencional, por anestesia geral, através de um corte na região abdominal (laparotomia), com a ressecção do aneurisma e reconstituição da aorta com uma prótese sintética colocada no lugar. Apesar de ter uma recuperação mais lenta, é um procedimento mais definitivo e com menor índice de complicações a longo prazo, muito escolhida hoje em dia para pacientes jovens, com bom risco cirúrgico e fatores anatômicos não favoráveis ao tratamento endovascular.
Outra opção é o tratamento Endovascular, nele, através de pequenos cortes na virilha e colocação de uma prótese por dentro do aneurisma por meio de cateteres, sem necessidade de abertura da cavidade abdominal, temos o objetivo de excluir o aneurisma da circulação, impedindo sua ruptura. Tem a vantagem de ser muito pouco invasivo e permitir uma pronta recuperação e alta precoce, contudo, o aneurisma fica sujeito a ser reativado por vazamentos que possam ocorrer a longo prazo, sendo necessário um acompanhamento mais de perto no pós-operatório e um maior risco de complicações a longo prazo.
Os dois métodos são eficientes e tem suas vantagens e desvantagens, somente a avaliação pelo Cirurgião Vascular na sua consulta poderá permitir a avaliação do melhor tratamento para o seu caso, discutido com todos os riscos e benefícios com o paciente e seus familiares.
Aneurisma de Artéria Poplítea
A Artéria Poplítea é uma das principais artérias dos membros inferiores, tem início na região final da coxa e passa por trás da articulação do joelho e fornece o suprimento de sangue para a circulação das nossas pernas e pés.
Os aneurismas dessa artéria são os mais comuns depois dos da artéria Aorta, constituindo-se em 80% dos aneurismas que ocorrem incluindo membros inferiores e superiores e compartilham de muitos fatores de risco como tabagismo, idade e sexo masculino.
São mais comuns em homens, 50% são bilaterais, ocorrendo nas 2 pernas e muitos associados a aneurismas de aorta.
Muitas vezes, o único sintomas que causam é a sensação de pulsação aumentada ou um abaulamento, uma tumoração na região atrás do joelho que pode causar dor em repouso ou dor que causa a interrupção das caminhadas.
Quais os riscos desse aneurisma? O grande problema desses aneurismas é o acúmulo de coágulos que vão se formando com o tempo e com o crescimento dessa artéria, eles podem se deslocar aos poucos e ir entupindo a circulação da perna, ou em um quadro mais dramático, causar uma trombose do aneurisma, com uma interrupção da circulação e alto risco de perda da perna. A ruptura, diferente do que acontece nos aneurismas de aorta, é rara.
Portanto, as consequências podem ser extremamente graves, ameaçando a qualidade de vida dos pacientes, o risco de perda das pernas e até ameaçando a vida, por isso a detecção precoce e o tratamento quando indicado são fundamentais.
O aneurisma é suspeitado na maioria dos casos através do exame pelo Vascular e definido através de exames de ultrassonografia e Angiotomografia para planejamento do tratamento. Muitas vezes a arteriografia (cateterismo) pode ser necessária antes da cirurgia.
Quem deve tratar? Pacientes que apresentem sintomas ou aneurismas > 2cm são candidatos ao tratamento, dependendo dos riscos e das comorbidades dos pacientes, fatores avaliados durante sua consulta.
O tratamento é feito através de cirurgia, por um pequeno corte na região do joelho e uma ponte, na maioria dos casos utilizando a veia safena para reconstituir a artéria após a remoção do aneurisma ou, em casos selecionados, através de cateterismo com introdução de uma prótese por dentro do aneurisma sem a necessidade de cortes.
Aneurismas Viscerais
As artérias viscerais são os vasos responsáveis pela circulação dos nossos órgãos abdominais, ou seja, relacionam-se com as artérias que irrigam o baço, fígado, estômago, intestino, rins, e pâncreas. Esses aneurismas são mais raros e normalmente se associam a doenças inflamatórias, infecciosas, genéticas ou traumas, diferente do que ocorre nos aneurismas de Aorta e Poplítea.
O mais comum desses aneurismas é o de artéria esplênica, que é a artéria responsável pela circulação do baço.
O maior risco desses aneurismas é a alta chance de ruptura que a maioria deles possui, muitos deles devendo ser tratados assim que forem detectados e outros dependendo do seu tamanho ou se causam sintomas nos pacientes.
Uma preocupação muito grande são com as mulheres em idade fértil, visto que uma gestação pode aumentar em muito o risco de ruptura, em especial do aneurisma de artéria esplênica, devendo ser tratado precocemente.
Esses aneurismas costumam ser silenciosos, muitas vezes não causando sintomas ou apenas gerando um leve desconforto abdominal, queimação, sensação de plenitude, sem uma localização bem definida. A rotura desses aneurismas é um quadro extremamente grave, que deve ser operado em caráter emergencial e com grave risco de morte. Portanto, a detecção precoce é fundamental.
Eles são diagnosticados em sua grande maioria através de exames como a Angiotomografia ou Arteriografia abdominal (Cateterismo), a ultrassonografia não consegue detectar esses aneurismas em muitos casos.
O tratamento pode ser feito por cirurgia convencional, pela abertura da cavidade abdominal, remoção do aneurisma e reconstituição do segmento retirado por uma ponte ou até mesmo o fechamento da artéria doente ou pelo tratamento Endovascular, realizado sem necessidade de cortes, através de punções em artérias da virilha ou braço e colocação de próteses por meio de cateteres por dentro da artéria com aneurisma.
O melhor tipo de tratamento depende de sua avaliação e anatomia dos aneurismas vistos pelo Cirurgião Vascular durante sua consulta e análise dos exames.
Se você sofre com aneurismas, conhece alguém que passe por esse problema ou quer fazer uma avaliação para detectar de forma precoce essa doença traiçoeira, agende sua consulta!