Doença Arterial Obstrutiva Periférica – “Má Circulação”
O que é Obstrução Arterial e Aterosclerose?
Muitos de nós já ouvimos falar em consultórios médicos ou programas de televisão sobre a Aterosclerose, mas afinal, o que vem a ser essa condição?
A aterosclerose consiste no depósito progressivo, ao longo do tempo, de cristais de colesterol nas paredes das nossas artérias que podem se espalhar por todas as áreas da circulação. Inicialmente essas placas não geram consequências, mas com o passar do tempo elas vão tornando os vasos sanguíneos mais rígidos, duros, perdendo sua elasticidade, depositando sais de cálcio em sua composição química e quanto maiores, estão mais sujeitas a complicações, como a ruptura dessas placas e maior risco para trombose nos locais onde a concentração é mais elevada, podendo levar aos terríveis quadros de isquemia e infarto.
Portanto, é uma doença silenciosa, potencialmente grave e muito frequente na população. Conhecemos essa doença, principalmente pelos efeitos que causam no coração e no cérebro. Todos já ouviram falar de AVC (Acidente Vascular Cerebral) e Angina/Infarto do Miocárdio, ambas essas doenças têm sua origem na aterosclerose, e ao permanecer por anos depositando esse colesterol e cálcio, acabam por poder apresentar essa consequências tão danosas a manutenção da nossa vida e de sua qualidade.
No caso da Cirurgia Vascular, essa mesma obstrução (“entupimento”), que ocorre nas coronárias (coração) e carótidas (AVC), acontece nas nossas pernas, nos membros inferiores, podendo levar a um quadro de isquemia ou infarto das nossas pernas, o que pode ter consequências trágicas. Como uma analogia, podemos compará-la à formação de ferrugem em canos e tubulações, que acontecem lentamente, ao longo dos anos, até poder interromper totalmente o fluxo no local em que ocorre.
A Obstrução Periférica então consiste na angina das pernas, causando dores, principalmente ao caminhar, que podem levar a uma grande limitação na vida dessas pessoas, podendo em seus casos mais graves levar a feridas nos pés e até mesmo risco de perda dos membros.
Até 25% da população acima de 55 anos tem essa obstrução periférica (“má circulação”), e sua grande maioria, cerca de 80% tem essa doença mesmo sem sentir nada, sendo assintomáticos. O fato de ser silenciosa, torna a doença muito traiçoeira e por isso a necessidade de detectá-la no início do quadro.
Abaixo detalho melhor os riscos, sintomas e formas de controlar essa perigosa doença.
Qual a importância dessa condição?
A principal importância de se detectar a aterosclerose das artérias dos membros inferiores está em ser um grande sinal de que outras artérias em nosso corpo também estejam acometidas, em especial as do coração.
A grande maioria dos pacientes com obstrução arterial periférica também tem depósito de colesterol nas artérias coronárias, e, muitas vezes em grau avançado, podendo necessitar de cirurgia ou angioplastia para desobstruir as artérias.
Assim, a importância reside no fato de poder prevenir complicações relacionadas ao AVC e Infarto do Coração, que são doenças que levam à morte e sequelas graves.
Além disso, o combate à aterosclerose também pode ajudar a abrandar as dores nas pernas relacionadas à má circulação e em muitos casos evitar a perda dos membros em casos graves.
E quais os fatores de risco para a Obstrução Periférica?
- Tabagismo: Este é um dos principais fatores e grande responsável pela maior parte da evolução da doença e maior gravidade;
- Hipertensão: outro fator muito importante, e, quando descontrolada por muito tempo leva ao quadro de aterosclerose;
- Diabetes: outro grande vilão, especialmente quando não está sendo bem tratado ou acompanhado;
- Dislipidemia: é o colesterol elevado por longo período, em especial os Triglicerídeos e LDL;
- Sedentarismo: a falta de exercício físico gera um grande estímulo ao depósito de colesterol;
- Genética: em alguns casos possui uma história familiar que favorece essa doença;
- Obesidade;
- Doença Coronariana: obstrução nas artérias do coração estão muito relacionadas com obstrução nas artérias da perna;
- Idade: quanto mais avançada, maior o risco de apresentar obstrução das artérias;
- Doença Renal Crônica: tem grande relação com o “entupimento” desses vasos, principalmente em pacientes que estejam em hemodiálise.
E quais os sintomas dessa doença?
A maioria não possui nenhum sintomas e passa anos aumentando as obstruções sem ser detectada.
O principal sintomas é a dor nas pernas, em especial na região da panturrilha, sempre ao caminhar uma certa distância, levando a pessoa a ter que parar para descansar ao longo de seu trajeto. Em casos mais avançados podem evoluir para uma dor que ocorre mesmo em repouso, fazendo acordar durante a noite ou modificar a posição das pernas para poder dormir.
Dos pacientes que apresentam dor, 25% evoluem com piora ao longo dos anos e a maioria mantém o mesmo grau de sintomas nas pernas, porém pode ir obstruindo cada vez mais outras artérias, como as do coração (por isso o perigo). Menos de 5% podem evoluir para o pior grau dessa doença, que leva ao risco de perda das pernas.
Essa minoria dos pacientes que podem evoluir com feridas nos dedos, pés e perna são os pacientes mais delicados e que inspiram os maiores cuidados, a maioria sendo necessário ser submetido a procedimentos cirúrgicos e com maior risco de morte, infarto e AVC com o passar dos anos.
Como abordado acima, a grande maioria das pessoas possuem obstrução e não sabem, pois não gera nenhum sintoma inicialmente, por isso o check-up Vascular é fundamental, e o primeiro contato com o Cirurgião Vascular pode rastrear essa condição e corrigir as medidas necessárias para retardar seu desenvolvimento e complicações.
O diagnóstico é suspeitado na consulta, a partir dos sintomas e do exame físico, analisando a qualidade da pele, circulação e pulsações nas pernas e pés.
Além do exame físico, muitos exames são fundamentais para a melhor avaliar a determinação da gravidade do quadro. Hoje em dia, a medição das pressões nas pernas e o uso do Ultrassom com Doppler dos membros inferiores nos permitem localizar as obstruções e ver o quanto estão “entupidas”.
Dependendo da gravidade do quadro podem ser necessários exames adicionais como Arteriografia (que consiste em um Cateterismo) e tomografias ou ressonâncias magnéticas.
Quais as formas de tratamento?
O tratamento inicial, e sendo o único necessário na grande maioria dos pacientes, consiste na modificação dos fatores de risco e no tratamento das condições associadas. Os principais pontos são os seguintes:
- Parar de fumar: o principal;
- Tratar adequadamente a Hipertensão e Diabetes: fundamentais e levam a uma prevenção de doenças não só nas pernas quanto no coração, cérebro, rins, visão, entre outros;
- Iniciar atividade física;
- Caminhada: a caminhada de acordo com orientado pelo Cirurgião Vascular é o principal tratamento para a melhora dos sintomas de dor nas pernas;
- Redução do Colesterol.
Além desse tratamento, a cirurgia pode ser indicada para casos refratários ou mais graves.
E quem precisa operar?
A cirurgia está indicada para os casos avançados em que não se consegue andar por praticamente nenhuma distância, apesar de já se ter realizado todas as medidas para controle dos fatores de risco ou para pacientes com graves feridas que necessitam de tratamento urgente para cicatrizá-las e evitar o aumento de seu tamanho e perda do membro.
Cada caso será avaliado individualmente, mas hoje em dia a grande maioria dos procedimentos pode ser realizado de forma minimamente invasiva através da angioplastia por cateteres, que tentam abrir os vasos sanguíneos por dentro, sem necessidade de cortes. Veja mais sobre essa cirurgia aqui.
Porém, em alguns casos, devido a condições da anatomia do paciente ou da gravidade da doença não é possível o tratamento por cateteres, e então as cirurgias para revascularizar os membros, as chamadas “pontes”são realizadas, para levar sangue aos locais onde ele é ausente.
Dessa forma, a consulta é fundamental para definir se seu caso necessita de cirurgia e qual o método é o mais indicado.
Não deixe para depois o cuidado com sua saúde! A detecção precoce da obstrução periférica e um check-up com o Vascular pode ser a diferença entre evitar um infarto, um AVC ou a piora da sua saúde cardiovascular antes que possa ser tarde demais, agende sua consulta!