Linfedema

Linfedema

O que vem a ser Linfedema?

Para explicar o que é linfedema, precisamos falar sobre os vasos linfáticos e suas funções.

Os vasos linfáticos, são estruturas presentes em todo nosso corpo, membros superiores, inferiores, abdômen, tórax, pescoço, todas as regiões, sempre acompanhando o trajeto das veias e artérias, formando um feixe com 3 estruturas, em geral possuem os mesmos nomes dos vasos sanguíneos que eles acompanham.

Eles são responsáveis por remover todo o excesso de líquidos e substâncias que se acumulam em nossos tecidos e transportá-las aos linfonodos, que são gânglios distribuídos em locais estratégicos ao longo do nosso corpo. O líquido que corre dentro dos vasos linfáticos tem o nome de linfa, e, em seu caminho final desemboca nas veias profundas do nosso pescoço, e por aí retornam ao coração para ser distribuída novamente ao nosso corpo.

Dessa forma, esses vasos são responsáveis pela remoção dos líquidos em excesso, sendo fundamentais para evitar uma sobrecarga e o inchaço, principalmente na região das pernas, e sua lesão pode levar ao acúmulo de líquidos e nas formas mais graves, causando graves consequências para o estado da pele.

O Linfedema então ocorre nos pacientes que tenham algum defeito na função desses vasos linfáticos, causando um edema (inchaço) de origem nessas estruturas, que se não tratado precocemente pode levar a um desfecho indesejável.

O Linfedema tem grande associação com a Insuficiência Venosa Crônica e as Varizes dos membros inferiores (saiba mais sobre essa doença clicando aqui) e esta doença se constitui em uma das principais causas do linfedema.

Qual a principal localização do Linfedema?

O principal local afetado é a região periférica do nosso corpo, sendo os membros inferiores (as pernas) o local mais afetado.

Além dos membros inferiores, também pode acometer com frequência a região genital e am alguns casos os membros superiores (braços e mãos)

E o que causa o Linfedema?

Ele pode existir por duas causas diferentes: de forma primária, ou seja sem uma causa definida, com a pessoa já tendo uma predisposição genética para a doença, ou de forma secundária, ou seja, com uma causa conhecida, e são inúmeras causas possíveis para esse quadro. Abaixo descrevo as principais causas.

Causas Primárias:

  • Congênito: ou seja, está presente desde o nascimento, podendo se dever a uma herança familiar (chamada de Síndrome de Milroy) ou então se relacionar a uma mutação genética isolada do paciente (por exemplo, Síndrome de Turner).
  • Precoce: são os casos que ocorrem antes da puberdade. Acredita-se que já haja uma alteração desde o nascimento, mas o corpo consegue compensar até certo momento, quando ela se torna evidente.
  • Tardio: ocorre após a puberdade: possuem a mesma causa que o descrito acima, mas por razões não conhecidas se desenvolvem mais tardiamente.

Causas Secundárias: são as causas mais comuns

  • Filariose: são aqueles que ocorrem após a infecção por um organismo transmitido por mosquito presente em algumas áreas endêmicas como a Floresta Amazônica, Zona da Mata e regiões na África. É a forma mais comum de linfedema no mundo.
  • Tuberculose: quando a tuberculose se desenvolve nos gânglios, pode haver o aparecimento dessa doença.
  • Infecções: outra causa muito comum. Qualquer pessoa que tenha infecções de repetição na pele pode vir a atingir os vasos linfáticos e desenvolver Linfedema. Celulites ou erisipelas de repetição, ou pacientes que possuam feridas nas pernas podem infeccionar e gerar uma infecção desses vasos.
  • Neoplasias: alguns tipos de câncer ou a cirurgia para sua remoção podem afetar os vasos linfáticos, como câncer de mama, linfoma, melanoma e neoplasia de ovário.
  • Cirurgias: Nos países desenvolvidos, são a causa mais comum, já que não acontece a filariose. Cirurgias que envolvam a retirada extensa de gânglios podem levar a esse quadro.
  • Radioterapia: também está associada.
  • Insuficiência Venosa Crônica: pacientes com quadros avançados, com úlceras venosas, podem estar sujeitos a infecções de repetição e a própria veia inflamada pode por proximidade atingir os vasos linfáticos, levando a sua lesão.

E quais os sintomas dessa doença?

A gravidade do Linfedema depende do tempo que demora para o inchaço reduzir. No caso em que ele não desaparece após realizar repouso por mais de 48 horas ou nos casos em que já exista uma alteração crônica na pele associada, consideramos o quadro mais grave.

Ele se apresenta como um inchaço localizado, geralmente apenas em uma das pernas, praticamente indolor, que não melhora após colocar a perna em repouso e elevá-la por 24 horas, sem alterações na pele em suas fases iniciais e sem deixar marcas ao se apertar a região da perna e tornozelo.

Nos casos mais avançados podemos ter lesões de pele, ficando endurecida, elevada, formando deformidades intensas e podendo se associar a feridas no tornozelo e perna.

Como detectar o Linfedema?

O diagnóstico é clínico, ou seja, através da consulta com o vascular, do exame físico e da coleta dos fatores de risco e história da doença é possível determinar que a causa esteja nos vasos linfáticos, o quadro clínico e os sintomas são bem típicos.

Contudo, podemos lançar mão de exames que confirmem a suspeita e avaliem a extensão dos problemas.

O Doppler Venoso deve ser solicitado para todos os pacientes (saiba mais sobre esse exame clicando aqui), para avaliar se não existe doença venosa ou varizes associada ao quadro e causando o edema.

Além do Doppler, exames como ressonância magnética permitem avaliar os tecidos abaixo da pele e o seu grau de infiltração pelo líquido e se existe alguma fibrose no local.

O melhor exame para diagnosticar e avaliar o prognóstico da doença é a Linfocintilografia. Esses exame envolve a injeção de uma substância marcada no espaço subcutâneo entre os 2 primeiros dedos das mãos ou pés, a partir daí ela vai avaliar o transporte pelos vasos linfáticos até os gânglios e se esse processo ocorre de forma adequada ou não.

Como realizar o Tratamento?

Na grande maioria dos casos, se tratado de forma precoce, não há necessidade de cirurgia e apenas os cuidados gerais, terapias não invasivas e medicamentos são suficientes para controlar o problema.

Podemos usar medicamentos que aumentem a mobilidade dos vasos linfáticos e sua contração, além de medidas dietéticas com a redução na ingesta de ácidos graxos de cadeia longa (como óleos de peixe, linhaça, nozes, castanha, etc) e o emagrecimento com combate a Obesidade.

Outro passo fundamental e um dos mais importantes é a chamada Terapia Física Complexa, que se baseia em 3 pilares: a drenagem linfática manual, a compressão elástica ou inelástica e exercícios que melhoram a circulação linfática.

A drenagem linfática deve ser feita com fisioterapeuta especializado, com o objetivo de esvaziar bem as pernas ou braços antes da colocação das meias ou faixas de compressão. A frequência necessária varia de caso para caso, sendo necessário um número maior no início do tratamento com a redução progressiva de acordo com a melhora clínica.

A compressão é fundamental, pacientes devem usar diariamente dispositivos elásticos como faixas e meias de alta compressão (como aquelas utilizadas no tratamento das varizes) ou métodos inelásticos, que apresentam maior rigidez e grau compressivo. O melhor tratamento para cada caso poderá ser escolhido através da sua consulta com o Cirurgião Vascular.

O tratamento das condições da pele, sua hidratação e cuidado, além de exercícios específicos que ajudam a reduzir o inchaço também são orientados pelo Fisioterapeuta e pelo Vascular para ajudar na manutenção do tratamento.

A cirurgia fica reservada para uma minoria dos casos, como aqueles que acometem a região do pênis e bolsa escrotal ou quando existem alterações graves de pele e subcutâneo com intensa fibrose e deformidades severas da região, limitando a capacidade de andar, gerando sequelas físicas e psicológicas e reduzindo de forma significativa a qualidade de vida do paciente.

A cirurgia consiste na retirada de excessos de pele, gordura e tecido subcutâneo e sua reconstrução ou não com enxertos de pele. É um procedimento reservado para uma grande minoria dos casos.

E qual o prognóstico dessa doença?

É importante dizer que o Linfedema é uma doença crônica, ou seja, passível de recidiva, de retornar, de apresentar surtos de infecção e piorar ao longo do tempo. Por isso o acompanhamento deve ser contínuo e frequente com o Cirurgião Vascular, para evitar que tais processos possam ocorrer e abrandar os que acontecem.

O que define o prognóstico é a detecção e tratamento precoce, antes que ocorram lesões irreversíveis na pele ou deformidades. Sendo o acompanhamento e os esforços dirigidos para a prevenção de infecções e controle com os métodos adequados que foram descritos acima.

É uma doença que apresenta um bom controle quando tratada, porém ao deixar sem tratamento por anos e com o desenvolvimento de deformidades graves, com aparecimento de intenso edema e fibrose no local, pode se tornar um quadro dramático, com impossibilidade de realização das atividades diárias mais simples, e, em último caso, pode haver transformação maligna com a evolução para o linfangiossarcoma, que é um câncer muito grave relacionado a essa doença de forma avançada.

Dessa forma, percebemos o quanto essa doença é frequente e pode ser controlada em seu início, prevenindo sérias consequências. Se você apresenta ou conhece alguém que possa se encaixar nas causas e sintomas descritos acima, agende sua consulta e inicie o quanto antes seu tratamento!

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Dr. LuIz FelIpe Azeredo,
cirurgião vascular na zona sul/SP

Sou aficcionado por ciência, tecnologia e inovação e procuro embasar cientificamente todas minhas condutas e praticas do dia a dia. Procuro sempre um atendimento individualidualizado, fornecendo o máximo de informações aos pacientes com muita ciência, mas com muita empatia e respeito.
Imagem Dr. Luiz Azeredo
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